domingo, novembro 26, 2006

Do Som

Novamente entrámos naquele sítio obscuro. Sentámos na mesma mesa, bebemos as mesmas bebidas, tivemos as mesmas conversas. E no entanto o encanto daquele ambiente mantém-se. Apesar de um enquadramento diferente, fomos na mesma os dois felizes ali. Cada um por si, mas no entanto felizes. Saímos e o frio da noite envolveu-nos. A viagem mais comprida da minha vida. Agradeci-te. Nunca o diria, mas no fim sobrevivi.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Do Eu

Está frio. Um vento lento, incrivelmente suave, move as folhas das árvores. Nem toda esta melancolia me acalma. Os maus pensamentos não me deixam respirar. Sinto-me a minha garganta esmagada, parecendo ter vontade própria. E que vontade... Não consigo encontrar o mínimo sentido em tudo isto. Sinto-me estranho em mim mesmo, como se habitasse dentro de alguém que não eu. Como se tivesse incarnado numa personagem e a viesse a interpretar nos últimos anos. Eu não sou assim. Eu não quero ser assim. Mas no fundo, eu já não sou eu.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Da Latada

Acabou a latada. Só hoje. Afinal foi tudo ao contrário. Nem todos os acidentes que se previam ocorreram, nem aquela depressão de fundo que me tocava se manifestou. Voltou a vida malvada. A vida rápida. Como alguém lhe chamou, a minha "highway to hell". Todas as peças se encaixam num puzzle que antes me parecia irresolúvel. Derivei de uma equação complexa a mais simples das conclusões. Que estou repleto de falhas. Mas que todas essas falhas reafirmam a minha condição pessoal. Me moldam naquilo que sou, independentemente de gostar ou não de mim. Não sou tão bom como pensaria, nem tão mau como muitos auguram. Assumir-me enquanto tal é a chave para viver em paz. Não a paz idílica, mas sim aquela que, estranhamente me traz a satisfação e a felicidade. Aquela agitação da cidade, a calma das varandas com vista, a tristeza do meu quarto. O meu mundo, é afinal feito de coisas feias. E como eu o adoro.

Este post tem uma dedicatória implícita, conforme te tinha prometido.