sábado, agosto 26, 2006

Do Vício

Admito. Viciei-me no derivado. É hoje das partes mais importantes da minha vida. O muro das lamentações, que revela a parte mais soturna do meu ser. Abandonei uma festa. Daquelas muito "in". Hoje nem a minha parte mais simpática consegue coexistir com as actuções dos participantes, esgrimindo mirabolantes teorias sobre os temas mais básicos. Talvez seja por isso esta náusea que me invadiu. Estou farto de todas essas regras. Desses falsos pressupostos em que devo basear a minha vida. De todos os códigos morais em que supostamente assenta qualquer vida que se queira considerar decente. Bebi o copo até ao fim. Fugi a correr. Vim escrever e rir de todo aquele espectáculo decadente, em que me vi incluído. Não passava de um figurante, mas mesmo assim o papel era demasiado exigente. Exigia o sorriso falso, a felicidade falsa, as pessoas falsas. Tudo demasiado podre e ensaiado, demasiado perfeito. E isso não consigo ser.

sexta-feira, agosto 18, 2006

De Ti

Tu provocas tudo isto em mim. Todas as reacções extemporâneas, todas noites mal dormidas, todos os receios. Não és, como alguém disse, o meu maior desafio. És muito mais do que isso. És o renascer, o despertar de um ser que julgava inexistente. O meu estômago já não fica frio, já gelou. Tremo ao escrever estas linhas, temo que possas entender, que me odeies por escrever isto no meu muro das lamentações. Por não ter a coragem de admitir que alcancei a loucura. Só este som diabólico, que me diz "Baby since i've been loving you/ I'm about to loose my worried mind" faz sentido. E cresce todo um desejo. De te ver. De te ouvir.De te tocar.De ti...

terça-feira, agosto 15, 2006

Do Pó

Tinha decidido fechar as janelas. Deixar a luz de fora. Comecei cuidadosamente a tapar todas as entradas. Fui meticuloso, tapei tudo com um cuidado extremo. Mas a perfeição não existe em nenhum trabalho. Uma fresta ficou aberta, deixando irromper por ela uma luz tímida. E, claro, como não-perfeccionista que sempre fui deixei-a assim. Pensei, sinceramente, que o tempo encarregar-se-ia de tapá-la, com o pó que o meu definhar ia produzindo. Novamente errei. Óbviamente. Quando se almeja algo, por mais egoísta que seja, deve procurar a perfeição até à exaustão. Em vez de definhar, fui encontrando energias. O pó não se acumulou. A luz foi entrando, cada vez mais intensa, perdendo a vergonha. Eis senão quando me apercebo que estou novamente iluminado. Que todas as minhas tentativas de me fechar, isolar, autoflagelar foram em vão. Resta a questão se mudei ou não. Se todo este processo foi em vão, ou se realmente cresci algo. Quando virá o teste?

sábado, agosto 12, 2006

Da Renovação

Descobri a solução. Reciclar. Não destruir, não deitar fora inconscientemente. Reciclar os velhos livros, carteiras, perfumes, escovas de dentes... Nada na vida deve ser extremado. Não se deve resistir à mudança, viver de velhos fantasmas, morrer do que se desconhece. Mas também não esquecer, odiar, venerar aquilo que passou. A busca do equilíbrio entre estas duas facetas é o segredo. Espero conseguir viver assim, ter a coragem de amar e reciclar o que passou.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Da Redenção

Hoje era a noite ambicionada. A que estaria supostamente reservada para a redenção. A vingança de todos os pecados. Nada. Sinto essas gotas a
saltarem inpiedosamente dos meus olhos. Sinto toda a culpa. De tudo aquilo que não fiz. Da coragem que devia ter tido. Mas não tive. Um homem
revela-se nos maus momentos. E eu revelei-me.Toda a fraqueza. A inutilidade da minha existência. A minha bipolaridade emocional. Tornei-me num
somatório de falhanços. De preguiça, amr-próprio, pior que tudo, orgulho. Não sei como será a partir de hoje. Se conseguirei conviver com tudo
aquilo que me mata. Se irei encher mais algum (falso) balão de esperança. Só queria descansar. Poder dormir. Não consigo. Só consigo morrer em mim
mesmo. Vegetar em frente ao computador. Fingir que não existo. Que está tudo bem.Não posso forçar mais a corrente. Entrego-me a este mar. O que
mata a gente.