quinta-feira, novembro 16, 2006

Do Eu

Está frio. Um vento lento, incrivelmente suave, move as folhas das árvores. Nem toda esta melancolia me acalma. Os maus pensamentos não me deixam respirar. Sinto-me a minha garganta esmagada, parecendo ter vontade própria. E que vontade... Não consigo encontrar o mínimo sentido em tudo isto. Sinto-me estranho em mim mesmo, como se habitasse dentro de alguém que não eu. Como se tivesse incarnado numa personagem e a viesse a interpretar nos últimos anos. Eu não sou assim. Eu não quero ser assim. Mas no fundo, eu já não sou eu.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Caro JNM
Pondera a hipótese de alterares o sub-título do teu blog para
"muro das lamentações... e das reflexões"! Porquê? Porque acho
que, se todos temos o direito de nos lamentarmos, não podemos
menosprezar a reflexão sobre a nossa vida, o nosso mundo, sobre
tudo o que nos rodeia! A reflexão dá-nos respostas às nossas
dúvidas e o melhor é que, muitas vezes, as respostas estão dentro
de nós.
Compreendo perfeitamente a expressão "eu já não sou eu", não é
nada de anormal, aliàs, acho que todos nos questionamos várias
vezes durante a nossa vida sobre quem somos. Acho que é uma
dúvida que surge quase de 10 em 10 anos, aos 20, aos 30, aos 40 e
por aí adiante. Faz farte do nosso crescimento como pessoas e
pensarmos nisso pode fazer com que nos tornemos melhores pessoas.
Já a tua expressão "Como se tivesse incarnado numa personagem e a
viesse a interpretar nos últimos anos" me trás uma certa
preocupação. Incarnar uma personagem significa que no contacto com as outras pessoas não somos nós a falar, mas sim o "actor" que nós criamos e normalmente esse "actor" comporta-se como uma
pessoa, socialmente correcta, sem defeitos, faz tudo muito
certinho. É pura ilusão, quem disfarça ser o que não é, não o
consegue fazer 24 horas por dia, é humanamente impossível.Há uma
altura do dia em que o "actor" deixa de desempenhar o seu papel e
volta a ser o que realmente é, mas muito pior do que realmente é.
Quando o "actor" deixa de actuar, fá-lo junto das pessoas mais
próximas, junto daquelas em que, por questões de afinidade, não
precisa de fingir, e quando isso acontece descarrega para cima
dessas pessoas todas as frustações, angústias e revoltas que foi
acumulando durante um dia. Quem mais sofre com esse tipo de
atitudes é, sem dúvida, a família, que, supostamente deveriam ser
as pessoas que mais deviamos respeitar e compreender.
Reflecte sobre isto e não temas ser imperfeito, não tentes ocultar dos outros os teus defeitos, todos temos defeitos, mostra-te como és.


Um abraço

5:29 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

João..espero um dia entrar aqui e ver que o muro das tuas lamentações foi então derrubado..espero ler então derivados alegóricos, derivados que encerrem situações vulgares (aquelas que "hoje" te doem e que amanhã não te deixarão saudade)....desculpa mais uma vez mas não consegui conter-me..

um beijo
Alexandra C.

8:38 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial