Do Eu
Está frio. Um vento lento, incrivelmente suave, move as folhas das árvores. Nem toda esta melancolia me acalma. Os maus pensamentos não me deixam respirar. Sinto-me a minha garganta esmagada, parecendo ter vontade própria. E que vontade... Não consigo encontrar o mínimo sentido em tudo isto. Sinto-me estranho em mim mesmo, como se habitasse dentro de alguém que não eu. Como se tivesse incarnado numa personagem e a viesse a interpretar nos últimos anos. Eu não sou assim. Eu não quero ser assim. Mas no fundo, eu já não sou eu.
2 Comentários:
Caro JNM
Pondera a hipótese de alterares o sub-título do teu blog para
"muro das lamentações... e das reflexões"! Porquê? Porque acho
que, se todos temos o direito de nos lamentarmos, não podemos
menosprezar a reflexão sobre a nossa vida, o nosso mundo, sobre
tudo o que nos rodeia! A reflexão dá-nos respostas às nossas
dúvidas e o melhor é que, muitas vezes, as respostas estão dentro
de nós.
Compreendo perfeitamente a expressão "eu já não sou eu", não é
nada de anormal, aliàs, acho que todos nos questionamos várias
vezes durante a nossa vida sobre quem somos. Acho que é uma
dúvida que surge quase de 10 em 10 anos, aos 20, aos 30, aos 40 e
por aí adiante. Faz farte do nosso crescimento como pessoas e
pensarmos nisso pode fazer com que nos tornemos melhores pessoas.
Já a tua expressão "Como se tivesse incarnado numa personagem e a
viesse a interpretar nos últimos anos" me trás uma certa
preocupação. Incarnar uma personagem significa que no contacto com as outras pessoas não somos nós a falar, mas sim o "actor" que nós criamos e normalmente esse "actor" comporta-se como uma
pessoa, socialmente correcta, sem defeitos, faz tudo muito
certinho. É pura ilusão, quem disfarça ser o que não é, não o
consegue fazer 24 horas por dia, é humanamente impossível.Há uma
altura do dia em que o "actor" deixa de desempenhar o seu papel e
volta a ser o que realmente é, mas muito pior do que realmente é.
Quando o "actor" deixa de actuar, fá-lo junto das pessoas mais
próximas, junto daquelas em que, por questões de afinidade, não
precisa de fingir, e quando isso acontece descarrega para cima
dessas pessoas todas as frustações, angústias e revoltas que foi
acumulando durante um dia. Quem mais sofre com esse tipo de
atitudes é, sem dúvida, a família, que, supostamente deveriam ser
as pessoas que mais deviamos respeitar e compreender.
Reflecte sobre isto e não temas ser imperfeito, não tentes ocultar dos outros os teus defeitos, todos temos defeitos, mostra-te como és.
Um abraço
João..espero um dia entrar aqui e ver que o muro das tuas lamentações foi então derrubado..espero ler então derivados alegóricos, derivados que encerrem situações vulgares (aquelas que "hoje" te doem e que amanhã não te deixarão saudade)....desculpa mais uma vez mas não consegui conter-me..
um beijo
Alexandra C.
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