segunda-feira, outubro 23, 2006

Da Fuga

Não consigo sorrir. Estou, no entanto, estranhamente calmo. Como que aceitei o meu destino. Aos poucos vou-me desligando das emoções, de tudo aquilo que possa significar felicidade ou tristeza. Simplesmente mexo-me, falo, penso, sem tentar encontrar uma justificação. A vida é substancialmente mais simples assim, na mesma proporção em que o é desinteressante. Rejo-me por uma espécie de som de fundo, que toca ininterruptamente, espaçado e repetido de igual forma. Pelas palavras que vou descobrindo, enterradas em páginas bafientas de livros antigos. Pela chuva que hoje cai com uma violência desmedida, como que procurando vingança de todos os nossos erros, ou quem sabe, desesperando por fugir de um céu em que não deseja viver. Afinal, é o que todos tentamos. Fugir do nosso céu, que supostamente deveríamos ambicionar, mas que odiamos com todas as forças. É a fuga do paraíso. A minha fuga.

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