segunda-feira, outubro 03, 2005

Da Utopia

Hoje devia ser um dia especial. Faço anos. Estive junto daqueles que devia, jantei num restaurante “chic” (bem caro por sinal), recebi mil e uma chamadas com desejos repetidos de felicidade e sorte. Não deixa de ser no entanto cómico que acabe um dia como este só e melancólico, em frente a um qualquer jogo de computador. Não, eu não o queria. Ninguém deseja a solidão, por mais alto e mais frequentemente o diga. Mas nem é a solidão que me aflige. A ela já me habituei, companheira desde há um ano, quando vim para esta cidade anónima. Aflige-me a falta do amor. De uma mensagem, de um telefonema que não represente só sentimentos de profunda amizade, respeito ou até obrigação. Queria sentir-me desejado, apetecido, por uma única pessoa que fosse. Por ti em especial. Tu que sorris sempre, que dizes as coisas de uma maneira tão especial que fazes parecer tudo tão simples. Contigo a vida parece fácil. Só te vi meia dúzia de vezes. Falei para ti metade delas. “Conversa da treta”, pensarás tu. Momento irrepetível, penso eu. Mas talvez resida aí a razão da minha solidão. Para mim tudo é idílico quando estamos bem, quando somos amados. Estupidez, a utopia morreu com Marx, bem sei. Mas de qualquer maneira ainda serei feliz assim. Contigo.

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